Carlos do Carmo

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biografia
 
Carlos do Carmo foi um dos mais reconhecidos cantores e intérpretes de fado português, que popularizou o género musical tradicional de Lisboa para um público global. Nascido em 21 de dezembro de 1939, em Lisboa, era filho da fadista Lucília do Carmo e de Alfredo de Almeida, comerciante de livros e proprietário da casa de fados O Faia. Cresceu num ambiente artístico e teve contacto com o fado desde criança, ouvindo a sua mãe e outros fadistas famosos como Alfredo Marceneiro, Maria Teresa de Noronha e Carlos Ramos.

Aos 15 anos, partiu para a Suíça, onde estudou línguas e gestão hoteleira. Regressou a Portugal em 1962, após a morte do pai, para ajudar a mãe a gerir O Faia. Foi aí que começou a cantar para os amigos e clientes, até que em 1964 abraçou definitivamente a carreira artística. Gravou o seu primeiro disco nesse ano, uma versão do fado Loucura, que tinha sido interpretado pela sua mãe. Seguiram-se outros discos e atuações em Portugal e no estrangeiro, que lhe valeram o reconhecimento da crítica e do público.

Carlos do Carmo introduziu novos estilos e influências no fado, como a orquestração, o jazz, a música popular portuguesa e a poesia contemporânea. Colaborou com vários compositores e poetas, como José Carlos Ary dos Santos, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, António Victorino de Almeida, José Luís Tinoco e Bernardo Sassetti. Foi também um dos principais opositores ao regime ditatorial do Estado Novo e um defensor da democracia após a Revolução dos Cravos, em 1974.

Em 1976, representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção com a canção Uma Flor de Verde Pinho, ficando em 12º lugar. Nesse mesmo ano, recebeu o Prémio da Imprensa como melhor cantor nacional. Ao longo da sua carreira, recebeu vários outros prémios e distinções, como o Prémio Goya de melhor canção original em 2008 (pelo tema Fado da Saudade, do filme Fados, de Carlos Saura), a Medalha de Mérito Cultural em 1997, o Prémio Amália Rodrigues em 2005 e o Grammy Latino de Carreira em 2014.

Carlos do Carmo atuou nos mais prestigiados palcos do mundo, como o Royal Albert Hall em Londres, o Olympia em Paris, o Carnegie Hall em Nova Iorque ou o Coliseu dos Recreios em Lisboa. A sua voz grave e expressiva tornou-se uma referência do fado e influenciou várias gerações de fadistas. Entre os seus temas mais conhecidos estão O Cacilheiro, Os Putos, Lisboa Menina e Moça, Canoas do Tejo, Por Morrer uma Andorinha ou Estrela da Tarde.

Carlos do Carmo morreu em Lisboa, no dia 1 de janeiro de 2021, aos 81 anos, vítima de um aneurisma. Deixou um legado inestimável para a cultura portuguesa e para o fado, que considerava "a canção da vida".